Com o desafio de acelerar e se orientar sozinhos, pilotos sobre duas rodas encaram a mais longa edição da história, que larga dia 26/8 de Foz do Iguaçu/PR. Briga pela vitória inclui campeões, destaques e estreantes
Encarar o Sertões BRB sobre duas rodas é missão difícil e exigente. Afinal, nas motos os pilotos são obrigados a acelerar e ainda navegar por conta própria, com concentração máxima do começo ao fim das especiais ou trechos cronometrados. Imagine então na edição de 30 anos do desafio off-road, que reserva o mais longo percurso da história da prova – 7.202 quilômetros, dos quais 4.378 cronometrados, ou seja, 60% do percurso.
Um trajeto que fará do Sertões BRB 2022 o maior rally do mundo para celebrar essa trajetória iniciada em 1993 por 34 valentes motociclistas, que cresceu, ganhou outras modalidades e relevância internacional. E que também homenageará o Bicentenário da Independência, atravessando as cinco regiões do país entre 26/8 e 10/9, com largada em Foz do Iguaçu (PR) e chegada em Salinópolis (PA).
Por tudo isso, encarar o prólogo, as 14 etapas e receber a medalha de finalista nas areias paraenses será uma tarefa ainda mais árdua que de costume. Vencer representará a consagração de um binômio perfeito homem e máquina, com a certeza de que superaram o mais duro Sertões nessas três décadas.
Campeões entre os inscritos, aliás, são cinco, dispostos a ampliar seu número na galeria. A começar pelo mais recente: o francês Adrien Metge (Yamaha) que se recuperou de uma penalização no começo da edição 2021 para fazer a festa. Seu companheiro de equipe Ricardo Martins é mais um que busca o bicampeonato, depois de ser o melhor em 2020.
O maior vencedor da história (em todas as categorias) também alinha em Foz com a expectativa de fazer bonito. Jean Azevedo (Honda) soma sete títulos – 1995/2000/2002/2004/2005/2015/2017 – e, aos 48 anos, segue veloz e competitivo. É um dos pilotos com a missão de recolocar as motos vermelhas no alto do pódio. Tiago Fantozzi, vencedor em 2001, mata a saudade da competição no Sertões depois de alguns anos nos bastidores.
E ainda há um pentacampeão que volta às origens para fazer a segunda metade da prova (o Sertões Norte) de moto: Zé Hélio Rodrigues (1999/2003/2007/2008/2009). O paulista vai viver uma inédita jornada dupla: acelera um UTV no Sertões Sul (de Foz a Palmas), para então trocar as quatro rodas pelas duas.
Pela primeira
Mas também há quem busque viver pela primeira vez a emoção da vitória geral. Nomes como os do paulista Bissinho Zavatti (Honda) e do mineiro Túlio Malta (Yamaha), destaques nas competições de Rally Baja e Cross-Country. Além de dois estreantes que prometem chegar torcendo o cabo. O argentino Martín Duplessis, com experiência no Dakar, reforça o time oficial Honda e já mostrou sua capacidade no começo da temporada. Mesmo caso do mineiro Gabriel Soares, o Tomate. Um dos principais nomes do país no Enduro FIM (velocidade) nos últimos anos, ele resolveu apostar nos ralis, com bons resultados de cara.
Também há aqueles que largam com o objetivo de completar o desafio, o que, por si só, já é uma vitória. Entre eles, chama a atenção um nome mais que conhecido: o de Olivier Anquier. O chef e apresentador francês radicado no Brasil concluiu a prova em 2020 e quer repetir a façanha em um ano especial para o Sertões.
Duas mulheres também integram a lista de inscritos, sem medo do que vem pela frente. A paulista Moara Sacilotti é uma veterana do Sertões, acostumada a enfrentar todo o tipo de dificuldade sobre duas rodas. Laura Lopes compete pela Guiana Francesa. Com trajetória na motovelocidade, ela encara a prova pelo terceiro ano consecutivo ao lado do marido, Gerard Pauchet. Completou o rally tanto em 2020 quanto em 2021.
Self by Motul
E ainda há a turma que, mais uma vez, encara a aventura com um grau de dificuldade extra: os 10 inscritos na categoria Self by Motul. Ela exige que os pilotos sejam os únicos a fazer a manutenção das motos, com a ajuda das ferramentas fornecidas pela organização. O grupo se mantém reunido em um mesmo box ao longo da prova (todos dormem em barracas) e, tão logo a competição do dia termina, a rivalidade dá lugar a um saudável espírito de integração e companheirismo. Aqui, o nome a ser batido é o do mineiro Marco Antônio Pereira, vencedor em 2020 e 2021.